Em abrigos, é comum encontrar crianças com deficiências ou problemas de saúde. Já entre quem deseja adotar ainda são raros os pretendentes. Entre 2019 e o ano passado, o número de adoções de crianças com deficiências, doenças infectocontagiosas ou problemas de saúde cresceu, conforme o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Hoje, entre as adoções, 9,6% são de crianças com problemas de saúde. Dois anos atrás, o porcentual era de 2,3%. Em relação a deficiências, a taxa foi de 0,6%, em 2019, para 3% em 2021. E, para doenças infectocontagiosas, o porcentual no mesmo período avançou de 0,3% para 1,3%.
Os números ainda são considerados tímidos, mas, segundo especialistas, já refletem os resultados de ações de tribunais de Justiça e das “cegonhas”, em grupos de apoio à adoção – há dezenas espalhados pelo Brasil. Além de ampliar essas taxas, o desafio agora é incentivar processos mais difíceis, como de adolescentes ou grupos de irmãos com deficiência. “Não é um processo rápido, mas temos visto cada vez mais a adoção de crianças maiores, crianças especiais e grupos de irmãos”, diz a juíza Noeli Salete Tavares Reback, presidente do Colégio de Coordenadores da Infância e Juventude dos Tribunais de Justiça. Noeli cita normas que preveem agilidade na adoção de crianças com deficiência e outras diretrizes que estabelecem prazos para processos.
Hoje, para entrar na fila da adoção, é preciso fazer um curso sobre o tema. Algumas dessas formações são oferecidas pelos tribunais; outras, por grupos especializados na área. Durante o cadastro na Justiça, os pretendentes indicam qual o perfil de criança ou adolescente está disposto a receber (o que inclui etnia, idade e doenças). Esses critérios podem ser alterados durante o processo.
Via: Estadão